Quem usa dispositivos eletrônicos sempre se depara com os termos cache, cookies, histórico e encriptação. A princípio, as palavras parecem complicadas e enigmáticas, mas são funcionalidades essenciais dos navegadores de internet modernos. Não saber gerenciá-las e distingui-las pode gerar dores de cabeça e colocar em risco informações preciosas sobre hábitos e privacidade em geral. Isso vale para quem usa computadores e celulares para o trabalho, estudos e até mesmo para diversão.
Um navegador pode guardar o histórico de visitação de sites por tempo indefinido. Ele faz isso para ajudar o usuário a achar informações antigas que possam ser valiosas, como aquela receita de bolo que você leu 3 anos atrás, o nome daquele livro que foi citado em um artigo interessante ou até mesmo quando foi feita uma consulta de situação cadastral no site da Receita Federal.
Alguns dados sensíveis, como logins, senhas, anotações (no caso de editores de texto online, como o OneNote ou o GoogleDocs), lista de leituras e visitas a sites, e-mails, fotos, vídeos e outros conteúdos confidenciais podem cair em mãos erradas caso alguém mal-intencionado tenha oportunidade de acesso à vítima.
“Antigamente, na época das famosas lan houses [estabelecimentos semelhantes à cibercafés, onde se pode usar um computador compartilhado com acesso à internet para diversas finalidades] era muito comum a brincadeira de ficar olhando o histórico de navegação da pessoa que acabou de sair da máquina. As pessoas não sabiam que era possível bisbilhotar o que você tinha acabado de acessar”, relembra Lucas Fernandes Galvão, especialista em cibersegurança.
“Quando uma máquina é usada no dia a dia, várias informações importantes são guardadas. Imagine uma pessoa que leva seu notebook e, por acaso, é assaltada ou perde o aparelho no ônibus. Algumas pessoas usam HDs [discos rígidos, onde as informações e arquivos são salvos e armazenados para uso contínuo] criptografados, ou seja, codificados de um jeito especial e seguro. Mas a maior parte, não. E para essas pessoas, o risco de ter informações pessoais visualizadas por estranhos é imensa.”
Lucas alerta também para o perigo da perda de informações de trabalho ou até mesmo o acesso às redes sociais da vítima - situação que cria oportunidades para golpes financeiros, além de mensagens indesejadas que podem gerar imensos transtornos.
O cache é onde ficam localizados os arquivos temporários do dispositivo. Sempre que um site é visitado, algumas informações são baixadas para o computador para agilizar o carregamento do conteúdo. Isso também acontece com imagens, sons, vídeos, certos scripts e códigos.
As informações que o usuário insere ficam armazenadas nos cookies - pequenos e valiosos fragmentos de identidade que permitem ao servidor identificar aquele acesso. Juntando todas essas pequenas peças, é possível rastrear com precisão como se deu a interação entre a página e o usuário. Para evitar o perigo, limpar o cache deve se tornar uma rotina - principalmente se o equipamento for de uso coletivo ou profissional.
Veja como limpar a memória cache dos principais navegadores:
No navegador da Google basta buscar a opção preferências no botão de reticências verticais do lado direito da barra de endereços. Lá, vá em configurações. Em seguida, basta achar a opção Limpar dados de navegação. A dica funciona para todas as plataformas que rodam o navegador: Windows, MacOS, Linux, Chromium e demais sistemas operacionais.
O navegado da Mozilla também é bastante amigável com quem deseja excluir dados pessoais. Ao lado da barra de endereços, um botão com 3 barras abre o menu. Selecione Opções. Um menu ao lado direito apresenta o item Privacidade e Segurança. Clique na opção e role a tela para baixo até encontrar Cookies e dados de sites. Selecione Limpar dados e confirme. Novamente, o processo vale para todas as versões desktop do navegador.
Ao abrir o aplicativo, na barra superior - ao lado da maçãzinha - selecione Safari. Na sequência, escolha Preferências. Na aba Privacidade, escolha Remover Todos os Dados dos Sites. Confirme com o Remover agora. O Safari está disponível apenas no MacOS.
Vá em Ajustes e selecione Safari. A opção de Limpar Histórico e Dados dos Sites estará à vista. Confirme.
Do lado direito da barra de endereços, toque na reticência vertical e selecione Configurações. A opção Limpar dados de navegação está logo abaixo das opções iniciais, basta deslizar para baixo. Confirme no botão Limpar dados de navegação.
Parecido com o processo anterior, busque as opções de menu do lado direito da tela. Toque em Configurações, logo em seguida Privacidade e segurança. A primeira opção é a desejada: Limpar dados de navegação.
Uma forma simples e eficaz de manter o anonimato é usar o modo incógnito do navegador. Apesar de não camuflar totalmente as ações do usuário - já que os servidores requisitados ainda coletam o IP (Internet Protocol, uma identificação única que faz parte de um sistema de regras para envio e recebimento de informação pela internet) daquela visita -, o modo garante que as informações daquela sessão de navegação não sejam guardadas localmente. Isso significa que credenciais, cookies, formulários preenchidos e históricos utilizados naquele momento não serão armazenados.
“A navegação anônima é facilmente acessível e ajuda bastante quem tem preocupações com a privacidade. Claro, ela não vai te salvar de um hacker ou um vírus, mas ela faz parte do que podemos chamar de ‘hábito saudável’ na hora de se usar um computador”, alerta Lucas.
A função está disponível em todos os browsers modernos e pode ser facilmente acessada. Veja os atalhos para cada navegador na tabela abaixo:
Chrome | ctrl+shift+N (Windows) cmd+shift+N (MacOS) |
---|---|
Chrome (celular) | Selecione as reticências verticais no lado direito da barra de endereços e escolha “nova aba no modo incógnito” |
Firefox | ctrl+shift+P (Windows) cmd+shift+P (MacOS) |
Firefox (celular) | Dê um toque no quadradinho do lado direito da barra de endereços. Basta escolher o ícone com a máscara no menu seguinte |
Microsoft Edge (Windows) | ctrl+shift+N |
Safari (MacOS) | cmd+shift+N |
Safari (celular) | Dê um toque no botão de abas e escolha "Privado" |
Dados e informações são extremamente preciosos nos dias atuais. Enquanto o usuário corre para manter-se em sigilo, as grandes empresas de tecnologia usam todas as ferramentas possíveis para angariar cada vez mais segredos pessoais. Ler os termos de uso e ser consciente ao aceitar permissões de aplicativos - tanto no computador quanto no celular - pode ser crucial para diminuir o fluxo de informações fornecidas, argumenta Galvão.
“Pense bem. Para que um aplicativo de filtros de fotos quer sua permissão para acessar sua agenda de contatos? Ou para que uma rede social quer ler seus e-mails? Seu perfil como consumidor e como usuário vale muito dinheiro, exatamente porque aumenta a chance de sucesso dos anúncios que você vê enquanto navega te convencerem a comprar algo. As empresas sabem o que você busca e te oferecem exatamente aquilo, na hora exata”, informa o especialista em cibersegurança.
Para manter-se em um ciclo saudável de uso de tecnologias, visite apenas sites confiáveis, limpe os dados de navegação em ciclos curtos - de 15 dias a um mês - e troque periodicamente suas senhas.
Lucas lembra, ainda, que o acesso a redes wi-fi desconhecidas também pode gerar perda de privacidade. “Quando a gente vê wi-fi sem senha, já fica com o dedo tremendo para economizar o pacote de dados. Mas tudo que passa por aquela rede é visível para o administrador dela, então fica a dica: o prejuízo de perder os dados do cartão de crédito ou a senha do e-mail são muito maiores”, finaliza.
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