Por: Miguel Paiva
Sou um bundão porque sou jornalista. Trabalho com a imprensa desde os 17 anos quando publiquei minha primeira charge. Sou um bundão porque tenho esse estranho compromisso com a justiça social, com a democracia e com a informação. Sou um bundão porque não acredito na força bruta, na porrada no autoritarismo e na perseguição.
Nunca briguei fisicamente na minha vida. Já tive oportunidades de resolver (e sair perdendo) na briga física, mas acabei usando a razão para escapar. Sempre fui pela conversa, pela razão e até mesmo pela emoção se ela for positiva. Nunca quis ser o mais forte nem o líder. Sempre preferi ouvir, discutir e ponderar. Sou um típico bundão. Nunca fui um banana, mas posso tranquilamente ser um bundão quando essa classificação vem do presidente Bolsonaro que tem histórico de atleta e por isso não se acha bundão.
Bundões são aqueles que leem, que escrevem, que pensam, que perguntam, como os jornalistas. Não sei de onde ele tirou a ideia de que por sermos assim estamos mais vulneráveis à Covid-19. Talvez porque ele ache que essa é uma doença inventada, que qualquer cloroquina cura que é frescura desses viadinhos como já ouvi nas ruas. Os machos não pegam (ué, ele não pegou?) e se pegam não sofrem nada. A doença tem medo deles. Já os jornalistas são fracotes, não tem histórico de atleta e por isso sucumbem à doença.
É bem a cabeça de quem está no poder. É a turma da porrada na cara, do clube de tiro, da militarização, da liberação das armas, do fim da cultura, (coisa de viado), e do fim da informação, (coisa de bundão). É a elite da faca nos dentes e do sangue nos olhos.
Pois sejamos todos bundões e sufoquemos com nossa abundância toda a tentativa de repressão, perseguição e mentiras. Que os bundões vençam essa batalha e a bunda seja escolhida o novo símbolo da liberdade democrática. Viva a bunda! Viva a democracia!
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